é no campo de batalha que os poemas de opções para morrer no espaço, de dalila teles veras, se encontram, machucados e fortes, lutando contra novos inimigos moderníssimos [cito alguns, como o ultracapitalismo, a pandemia, a i.a.] e, sobretudo, a favor da democratização da mesma literatura. poesia democratizada e democratizante, em escuta [muita] e solidariedade [mais ainda], cuja pátria é a língua portuguesa em suas totalidades. leitura que busca a poesia das coisas no “escaninho da memória”, e o próprio livro ser ele mesmo um grande acervo de memórias para o futuro. nascido na “sebenta de capa azul-anjinho”, de excertos de falas alheias e de notícias do jornal, acompanhado de uma multidão silenciosa de outros grandes livros, palavras “a palo seco”, “mas sem remendos”, não há como não ser autêntico. mas afinal, há uma forma escolhida de morrer no espaço? dalila já respondeu: “quero permanecer a vagar na órbita do sol / mínima e incapturável”. mas acontece que dalila é grande. e nós, sedentos por tentar capturar os vários universos aqui tão bem catalogados – e os outros tantos que estão por vir. — amanda vital