O nascimento de uma nova série de ensaios é um acontecimento feliz, ao mesmo tempo que doloroso. Feliz porque abre novas perspectivas, inspira novas esperanças, cria uma situação :ricio-histórica nova. Doloroso, também, devido às múltiplas dUvidas que surgem no momento das escolhas literárias e ideológicas, devido ao pressentimento inquieto de lutas vindouras à grande responsabilidade que assumem os fundadores. Em casos como este, traça-se geralmente um paralelo com Kolokol. Infelizmente, nas circunstâncias atuais, esta comparação quase não se justifica. A revista de Herzen era puramente po/(tica, não era uma revista literária pela simples razão de que na Rússia, na "época sombrifl do czarismo reacionário", uma das mais belas literaturas da humanidade nascia e se desenvolvia sem obstáculos. Nesta época de "servidão", ninguém, desde Puchkine e Gogol até Tolstoi e Dostoievski, foi obrigado a procurar para si mesmo um editor no exterior. Todos os escritores de.alguma importância, todos, frisamos, eram publicados em seu pat's. Pela primeira vez na história de nosso planeta. a situação é tal que em todos os países, desde a Olina até Cuba, onde o "socialismo triunfou", onde reinam enfim "a liberdade, a igualdade e a fraternidade ' : as obras literárias que contradizem as diretivas ideológicas do aparelho dirigente são punidas como crimes de direito comum.